sexta-feira, 24 de junho de 2011

sabor a fel


A exemplo do que sucedeu com o Bloco de Esquerda e o PCP, também o Partido Socialista sofreu um fortíssimo revés nas últimas eleições – no país e no distrito de Beja! Bem pode Luís Pita Ameixa alegar que o PS ganhou na região, ao contrário do que sucedeu em muitos distritos, apenas porque teve mais votos do que os restantes competidores. É uma vitória, concordamos, mas deve ter um insuportável sabor a fel!
Político experiente e com muitos anos de liderança partidária, Ameixa sabe muito bem que, no distrito de Beja,  o seu partido teve o pior resultado desde 1995, perdeu milhares de votos e passou a ter apenas um deputado. Não é coisa pouca!
Não se julgue, contudo, que a responsabilidade cabe apenas a Pita Ameixa. Mas é ele o rosto principal daquilo que aconteceu: se o foi para as vitórias também tem de o ser para este crescente declínio! Assim, parece claro que a liderança do PS do Baixo Alentejo está a precisar de mudança.
É muito óbvio que os socialistas têm de abrir desde já uma reflexão capaz, atempada e sem precipitações sobre o seu futuro interno. Esse processo obriga ao envolvimento de uma nova geração de militantes que, necessariamente, terá de começar a dar a cara e querer assumir responsabilidades.  Seja no plano dos autarcas ou noutros sectores, parece esgotado o tempo para a táctica e para o calculismo! Também no Baixo Alentejo o PS precisa de um ciclo novo, que assente numa renovada influência social; no reforço de uma voz própria mais respeitada e ouvida no quadro do país; no aperfeiçoamento da sua capacidade organizativa, de militância e de mobilização. Não perceber isto é permitir tacitamente que se acentue a actual  linha de declínio!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

a esquerda tem o que merece


Esqueçamos aquela moção de censura patética que o Bloco de Esquerda decidiu apresentar logo após a tomada de posse do Presidente da República! Foquemos a nossa atenção apenas nessa voluntariosa votação contra o PEC 4, inteiramente subscrita pelo mesmo Bloco de Esquerda e pelo PCP!
Esse foi o ponto de partida que levou à queda do Governo e abriu o caminho para a chegada da direita ao poder. Pelo meio, o PS teve um resultado desastroso e Sócrates despediu-se. O PCP perdeu votos mas resistiu e até cresceu na Assembleia da República. E o Bloco, sempre tão voluntarista e incoerente (andou ao lado do PS a apoiar Manuel Alegre, lembram-se?) sofreu um golpe muito contundente, ao ponto de muitos vaticinarem o princípio do seu fim!
Em resumo, a esquerda pode agradecer ao Bloco... de Esquerda, boa parte do descalabro sofrido nas eleições de 5 de Junho e o horizonte muito negro que tem pela frente. A esquerda, afinal, pode queixar-se de si própria e da sua idiossincrasia autofágica, sempre incapaz de dialogar, estender pontes e construir soluções. Tem o que merece!
Em sentido contrário, ainda os resultados não eram conhecidos, já os líderes da direita, como sempre fizeram desde 1974, liam nas estrelas um entendimento parlamentar e de governação. Com franqueza, se à luz desta “lua-de-mel” há quem acredite em dias fáceis, é bom que tire o “cavalinho da chuva”.
Quem manda é o FMI e o que aí vem já estava definido antes das eleições! Mas é justo conceder um prazo de confiança ao futuro Governo. Sem grandes expectativas, é certo! Mas crédulos de que haverá responsabilidade e compromisso. E que os interesses do país serão postos à frente dos oportunismos partidários e corporativos.