segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

dia 4, sexta-feira, nas bancas

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

londres: 22 de maio



O operador turístico britânico Sunvil vai realizar 22 voos "charter" entre o principal aeroporto de Londres e o de Beja entre Maio e outubro deste ano, "assentes numa programação variada" no Alentejo, foi hoje anunciado. Os 22 voos entre os aeroportos de Heathrow e de Beja vão realizar-se aos domingos, entre 22 de Maio e 16 de outubro, através de um avião Embraer 145 de 49 lugares, precisa a ANA - Aeroportos de Portugal.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

já nas bancas

exigência e pluralidade



O presidente da Câmara da Vidigueira teve esta semana uma expressão certeira sobre o persistente embaraço que a nossa sociedade tem em lidar com os cidadãos de etnia cigana. Afirma Manuel Narra, e nós concordamos inteiramente, que, na Vidigueira como noutro concelho qualquer, “não há ciganos nem minorias étnicas, só há portugueses e todos têm os mesmos direitos e deveres”.
Sendo uma afirmação correcta e responsável, a verdade é que, no Alentejo e no resto do país, as coisas não são assim tão simples. Os hábitos pouco regrados e o espírito insurrecto da etnia cigana suscitam, não poucas vezes, implicações negativas e nada aceitáveis. É usual encontrar uma permanente exigência de direitos mas, no que diz respeito aos deveres, o povo cigano não costuma estar tão disponível.
Esse é o ponto de toda a divergência. Os ciganos só conseguirão obter o respeito geral e uma integração plena na sociedade se agirem com responsabilidade e sentido cívico. E se forem capazes de cumprir os deveres gerais que são exigidos a todos.
Claro que, noutros sectores da sociedade, não é raro encontrar cidadãos que também atropelam as regras mais elementares de civismo. E muitas vezes são aqueles que mais exigem aos outros! Não sendo esse um pormenor com pouco relevo, o que importa neste caso é reforçar a ideia expressa por Manuel Narra. Quem quer respeito deve dar-se ao respeito. Quem quer direitos tem de cumprir deveres. Quem exige respostas sociais não pode atropelar as regras instituídas na vida em sociedade.
Em síntese: a pluralidade dos povos e a riqueza dos seus hábitos culturais são bens inatacáveis que devem ser preservados e valorizados. Mas as normas elementares de convivência social e democrática também têm que ser respeitadas. E é bom ver esta questão tão delicada com os dois olhos bem abertos e com inteira racionalidade.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

um homem livre



António Inverno é um homem muito simples. Muito culto. António Inverno é um alentejano de Monsaraz, que cresceu na Lisboa dos artistas, da PIDE e da vida boémia. Uma Lisboa onde se cansou de estar e que trocou por amor ao Alentejo.
Tem 66 anos e assume-se como “um homem livre”. Um homem profundamente apaixonado pelo pequeno filho de oito anos que, lê-se nos seus olhos muito abertos e marejados, é o grande desafio para o resto da sua vida.
“É com as artes que farei o meu filho um homem. Se calhar fui mau pai para o primeiro, porque nunca atravessei uma rua para lhe comprar um brinquedo. A este sou capaz de correr o mundo para lhe comprar um lápis.”
Mestre António em estado puro. Cristalino. Uma figura que se entremeia entre os silêncios sentidos, as memórias dolorosas, a vida cheia de luz e muito divertida.
Um pintor fulgurante, que calejou as saudades do Alentejo nas ruas da velha Lisboa. Traçando risco que, dizem, reflectem “a herança da utopia e do sonho do Alentejo”. O que é isto, António? “Procuro inventar o mundo onde gostava de viver, com aqueles traços e aquelas formas. O Alentejo era um sonho…”
Era! Pelos visto, para António Inverno, já não é. Não se sente maltratado ou atraiçoado. Mas sente falta da solidariedade de outrora. Da honestidade, do aperto de mão, do valor da palavra e da franqueza. Tudo parece ter mudado no Alentejo: “Encontro coisas que eu dizia que não minha terra nunca iriam acontecer… mas estão aí! Estão aí.”
No meio deste novelo de desassossegos, o pintor que encantou a Lisboa do Chiado e abriu caminho à serigrafia em Portugal, sente-se desperdiçado. Confessa-se “a empatar e a queimar o tempo”! “Não me fui embora porque tenho cá uma criança com oito anos de que gosto muito. Tenho aqui o meu querido filho, se não já tinha ido embora!”

DITADURA E LIBERDADE
Cercados pela dura mão de Salazar, em meados de Sessenta os portugueses estavam amordaçados. Também as artes estavam cercadas. A PIDE controlava a criatividade com dolorosas e implacáveis grilhetas.
Inconformado, António Inverno deu asas à serigrafia em Portugal e encheu as telas de motivos a reflectir inconformismo. Palavras de ordem a inundarem a vida, as ruas e as casas de cada um. “A serigrafia é o telegrama mais rápido do artista. Eu faço uma e multiplico-a em 200 exemplares, que vão para a casa das pessoas.”
António Inverno torna-se conhecido, convive com os grandes nomes e ganha muito dinheiro. Podia ser hoje um homem muito rico! Não é. Essas fortunas deram-lhe campo para a generosidade. Tantas vezes para sacrifícios em nome de um gesto solidário.
“ Ajudei muita gente! Houve pessoas que estudaram e formaram-se e foi o António Inverno que pagou. Ninguém me obrigou ou pediu. Mas fiz isso. Cheguei a proteger filhos de prostitutas, que morriam. Isso custa muito dinheiro. Eu também preciso de comprar bifes... mas nunca liguei ao dinheiro!”


Uma frase para reflectir
“Sempre fui um homem de esquerda. Dos valores da esquerda. Mas, infelizmente, existe muita falta de diálogo na esquerda. É na esquerda que estão os homens com os tiques de Salazar. É na esquerda, não é na direita!”

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

inconformismo



O movimento lançado pela Associação de Defesa do Património de Beja, para contestar o fim dos comboios Intercidades directos entre Beja e Lisboa, é uma luta muito justa, oportuna e surpreendente.
Justa porque, como tem sido amplamente afirmado, é inaceitável que uma capital de distrito deixe de ter ligações directas à capital do país. Agindo assim, a CP está a secundarizar Beja, a piorar um serviço que nos habituámos a ter há décadas e, por esta via, a desconsiderar os baixo-alentejanos.
Infelizmente, ao longo de muitos anos, e provavelmente em muitos momentos que se seguirão, a sociedade civil da nossa região nunca conseguiu emergir de uma mera contemplação ao mal que lhe foram fazendo. Beja tem perdido tudo e, mesmo com esforços de reorganização administrativa, é uma cidade secundária e submissa. Ainda não há regionalização, mas na política e no exercício da administração do Estado, Évora já é quem mais ordena!
Sem qualquer provincianismo bacoco, a verdade é que as expressões de protesto contra este episódio do Intercidades revelam uma atitude adequada, concreta e capaz de mostrar que esta região está farta de continuar em silêncio perante as maldades que lhe fazem.
Um diplomata brasileiro afirmou que “quem não luta pelos seus direitos não é digno deles”. E neste caso dos comboios, parece estar criado um ponto de partida para que os baixo-alentejanos deixem de “comer e calar”!  É horrível continuarmos a ser este povo tão conformado e apático. Por isso, saudamos quem impulsionou este movimento de contestação e temos esperança que os partidos não cedam à tentação de anular este ponto de partida. Neste como noutros problemas, Beja precisa da energia dos cidadãos para reassumir o seu estatuto de capital.