quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

exigência e pluralidade



O presidente da Câmara da Vidigueira teve esta semana uma expressão certeira sobre o persistente embaraço que a nossa sociedade tem em lidar com os cidadãos de etnia cigana. Afirma Manuel Narra, e nós concordamos inteiramente, que, na Vidigueira como noutro concelho qualquer, “não há ciganos nem minorias étnicas, só há portugueses e todos têm os mesmos direitos e deveres”.
Sendo uma afirmação correcta e responsável, a verdade é que, no Alentejo e no resto do país, as coisas não são assim tão simples. Os hábitos pouco regrados e o espírito insurrecto da etnia cigana suscitam, não poucas vezes, implicações negativas e nada aceitáveis. É usual encontrar uma permanente exigência de direitos mas, no que diz respeito aos deveres, o povo cigano não costuma estar tão disponível.
Esse é o ponto de toda a divergência. Os ciganos só conseguirão obter o respeito geral e uma integração plena na sociedade se agirem com responsabilidade e sentido cívico. E se forem capazes de cumprir os deveres gerais que são exigidos a todos.
Claro que, noutros sectores da sociedade, não é raro encontrar cidadãos que também atropelam as regras mais elementares de civismo. E muitas vezes são aqueles que mais exigem aos outros! Não sendo esse um pormenor com pouco relevo, o que importa neste caso é reforçar a ideia expressa por Manuel Narra. Quem quer respeito deve dar-se ao respeito. Quem quer direitos tem de cumprir deveres. Quem exige respostas sociais não pode atropelar as regras instituídas na vida em sociedade.
Em síntese: a pluralidade dos povos e a riqueza dos seus hábitos culturais são bens inatacáveis que devem ser preservados e valorizados. Mas as normas elementares de convivência social e democrática também têm que ser respeitadas. E é bom ver esta questão tão delicada com os dois olhos bem abertos e com inteira racionalidade.

1 comentários:

Anónimo disse...

Concordo plenamente com o que escreveu!
João Almeida

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