sexta-feira, 29 de abril de 2011

desilusão

Como é fácil compreender a profunda desilusão que se apoderou dos apoiantes da candidatura de Fernando Nobre à Presidência da República. Em apenas três meses, o notável cidadão que difundiu pelo mundo uma organização humanitária que todos admiram, transformou-se em persona non grata e submetida aos “jogos da política”.
Fernando Nobre apregoou-se como um homem independente, distante dos partidos e capaz de liderar um crescente movimento cívico. Com essa pose, assegurou uma boa votação, que lhe garantiu um lugar ainda mais influente na sociedade portuguesa. Muitos vaticinaram que, daqui a cinco anos, com trabalho e sensatez, Nobre seria um fortíssimo candidato presidencial, onde poderia rever-se a sociedade cansada dos políticos e da política.
Eis senão que, num curtíssimo espaço de tempo, Nobre deixou-se levar para uma espiral de contradições. Bastou acenarem-lhe de dentro do PSD com um lugar na Assembleia da República, porventura no alto cadeirão da presidência. O médico da AMI, que tantos convenceu com as suas virtudes nada infectadas pelos partidos, depressa aceitou a proposta. E decidiu dar entrevistas, um pouco descaradas e ausentes de pudor, como só os piores da política costumam apresentar.
Fernando Nobre talvez ainda seja o cidadão respeitado pela sua imensa actividade pública e humanitária pelos quatro cantos do mundo. Mas, à luz do seu indescritível procedimento, jamais será um político respeitado, nem entre os seus pares nem entre os cidadãos. Isso é uma pena, porque não só estragou uma parte significativa da sua imagem, como deu um contributo determinante para violentar qualquer movimento cívico e da cidadania que surja em Portugal no futuro. É muito mau em tão pouco tempo!

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