terça-feira, 19 de abril de 2011

o congresso

O Partido Socialista reúne este fim-de-semana em Congresso Nacional para consagrar Sócrates como secretário-geral e, obviamente, focar o alinhamento dos discursos e respectivas conclusões no acto eleitoral precipitado e algo irresponsável que a oposição decidiu antecipar para o pior momento.
Com seis anos de governação, os socialistas estão a “carregar” uma factura pesada que chega do exterior, fruto de um contágio indesmentível que já dilacerou a Grécia e a Irlanda (era um país exemplar, lembram-se?). Ignorar isto é ser pouco sério, mas, evidentemente, não reconhecer que o Governo errou nalguns pontos da sua estratégia também é pouco acertado.
Sendo assim, aquilo que será desejável para os socialistas neste momento é, sem dúvida, impedir que a reunião de Matosinhos seja uma submissão à urgência eleitoral e sem condições ao líder. Isto é, os socialistas têm de ser capazes de pôr o dedo nalgumas feridas, questionar opções da governação e impulsionar Sócrates para uma linha de acção mais coerente e realista.
Ninguém pense que o congresso servirá para “lavar roupa suja” ou pôr em causa a liderança. Estão errados aqueles que prevêem uma insurreição contra Sócrates. Como se notou no resultado quase unânime da eleição, a unidade não está em causa: mas isso não pode fechar a porta ao aprofundamento do debate. E o PS precisa de reflectir com ponderação e discutir com frontalidade e auto-crítica.
Agir desse modo permitirá dar um primeiro e decisivo contributo para Portugal sair desta borrasca em que está mergulhado. Sendo o partido da democracia e da liberdade, o PS também tem de ser capaz de ser, em quaisquer circunstâncias que as eleições ditarem, o partido da responsabilidade.

editorial do "Correio Alentejo" publicado a 01 Abril

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