quinta-feira, 11 de novembro de 2010

o voo improvável


Era um dia igual aos outros. Talvez não. Havia no ar a leve brisa das manhãs felizes. O “astro” beijava a terra escancarada, espreguiçado pelo horizonte infinito. Os homens rasgavam com vigor o colo das sementeiras. Havia pássaros. Alguns perigosos. Outros apenas elegantes e bailarinos. Que fazer com este tempo? Talvez parar, talvez sentir. Que tal experimentar um novo voo? É este o problema das manhãs felizes. Sempre sorridentes e a engordar a expectativa. Sempre capazes de criar uma paixão, descobrir um desejo, inventar um final feliz. Adeus! Não quero ser peregrino dos desejos inúteis. Prefiro voar no céu infinito. Sozinho.

texto meu publicado no livro de fotografias "Momentos ao Natural" de Dinis Cortes - edição do Instituto Politécnico de Beja (2007)

2 comentários:

Vitor Encarnação disse...

Há dias em que temos asas nos olhos e no coração.

Vítor Encarnação

pulanito disse...

Como os pássaros que no seu voo desenham imaginários bailados, as tuas palavras cheiram à terra de que essas mesmas aves, e só elas, têm vista privilegiada.

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