quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

uma boa causa


Vivemos num quadro de crescente envelhecimento da população, mas também de fragilidades em muitas famílias desprotegidas.
Neste contexto, cabe ao Estado desempenhar um papel mais activo, com respostas concretas e céleres, dadas a partir de um permanente diagnóstico da realidade. O Estado não pode ignorar, distrair-se ou alegar desconhecimento. E é intolerável que, por razões economicistas ou de mera contabilidade demográfica, continue a apresentar a sua demissão em muitos processos.
Percebemos muito bem que, na sua imensa máquina, a Segurança Social nem sempre tem a possibilidade de dar respostas atempadas e eficazes. Por isso, parece natural a consolidação gradual de cooperação com instituições particulares de solidariedade social (IPSS). E é neste contexto de parcerias público-privadas que temos de fazer ainda mais trabalho!
Criadas, normalmente, a partir das comunidades locais, as IPSS são conhecedoras privilegiadas do meio e, por isso, têm competência para fazer melhores diagnósticos e agir com respostas concretas e bem estruturadas.
Percebe-se que a economia social é um sector em crescimento e com extenso caminho para percorrer. Contudo, insistimos que os diferentes poderes públicos, incluindo as autarquias locais, não podem acomodar-se em posições de mera observação.
Aquilo que parece urgente é, cada vez mais, uma genuína cooperação, que elimine visões de natureza política e valorize o interesse público comum. Por outro lado, esta responsabilidade não pode ter apenas respostas institucionais. É necessário que haja na sociedade civil uma assumpção de responsabilidades mais concreta.
As pessoas, para quem, em primeira instância, são criadas respostas sociais, não podem ser as primeiras a encolher os ombros e demitir-se sem remorsos do seu procedimento. Como exigir ao Estado se não damos um pouco do nosso tempo ao bem comum?
Esta é a questão pertinente, sobre a qual devemos reflectir num tempo de excessivas fragilidades e problemas cada vez mais dolorosos no horizonte. E não julguemos que nos damos bem com o mal dos outros porque, quando menos esperamos, bate-nos à porta a necessidade urgente da solidariedade. É bom que tenhamos consciência disso!

1 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns e obrigado por tornar pública esta sua preocupação e forma de olhar a realidade que tem à sua volta.Não posso estar mais de acordo com o conteúdo deste post e claro veio tocar-me numa ferida que tenho aberta e confesso que a sangrar......correndo até o risco de gangrenar, sendo a amputação o passo seguinte. É nesta atitude de contribuir para uma sociedade mais justa e mais responsavel que me situo. Sempre tive e tenho o entendimento que é importante e determinante o envolvimento das pessoas, para a resolução dos seus próprios problemas. Sempre tenho defendido que é determinante o papel das autarquias locais na promoção da qualidade de vida dos seus municipes, sejam eles velhos ou de outra qualquer idade, como também é meu entendimento que não pode o Poder Central demitir-se das suas responsabilidades face às diferentes problemáticas e fragilidades como é o caso da população idosa, no que concerne à criação e financiamento de novos equipamentos sociais adequados às verdadeiras necessidades das populações e famílias.Com uma população cada vez mais envelhecida e por consequência com maiores dependências, com um sector da economia social (IPSS)como principal garante de alguma qualidade de vida dos mais frageis e paralelamente promotor de emprego especialmente feminino, com um Poder Central que se escuda em terminologias de rácios e afins para não financiar novos equipamentos nalguns casos onde são necessários, com um Poder Local que tardiamente e de forma muito envergonhada e discutível, entendeu ??? também ser uma responsabilidade sua tornar um pouco melhores os últimos dias de vida da sua população maioritária, digo-lhe que por muito responsavel, determinada, consciente e colaborante que seja,não há sociedade civil que aguente, a tanta irresponsabilidade, cegueira e politiquice de mau gosto, desrespeitando tanto os que trabalham gratuitamente por estas causas, como até e em primeira instância os que tanto deram e pouco ou nada têm recebido em troca.
Maria Lucília da Silva Costa

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