Vivemos num quadro de crescente envelhecimento da população, mas também de fragilidades em muitas famílias desprotegidas.
Neste contexto, cabe ao Estado desempenhar um papel mais activo, com respostas concretas e céleres, dadas a partir de um permanente diagnóstico da realidade. O Estado não pode ignorar, distrair-se ou alegar desconhecimento. E é intolerável que, por razões economicistas ou de mera contabilidade demográfica, continue a apresentar a sua demissão em muitos processos.
Percebemos muito bem que, na sua imensa máquina, a Segurança Social nem sempre tem a possibilidade de dar respostas atempadas e eficazes. Por isso, parece natural a consolidação gradual de cooperação com instituições particulares de solidariedade social (IPSS). E é neste contexto de parcerias público-privadas que temos de fazer ainda mais trabalho!
Criadas, normalmente, a partir das comunidades locais, as IPSS são conhecedoras privilegiadas do meio e, por isso, têm competência para fazer melhores diagnósticos e agir com respostas concretas e bem estruturadas.
Percebe-se que a economia social é um sector em crescimento e com extenso caminho para percorrer. Contudo, insistimos que os diferentes poderes públicos, incluindo as autarquias locais, não podem acomodar-se em posições de mera observação.
Aquilo que parece urgente é, cada vez mais, uma genuína cooperação, que elimine visões de natureza política e valorize o interesse público comum. Por outro lado, esta responsabilidade não pode ter apenas respostas institucionais. É necessário que haja na sociedade civil uma assumpção de responsabilidades mais concreta.
As pessoas, para quem, em primeira instância, são criadas respostas sociais, não podem ser as primeiras a encolher os ombros e demitir-se sem remorsos do seu procedimento. Como exigir ao Estado se não damos um pouco do nosso tempo ao bem comum?
Esta é a questão pertinente, sobre a qual devemos reflectir num tempo de excessivas fragilidades e problemas cada vez mais dolorosos no horizonte. E não julguemos que nos damos bem com o mal dos outros porque, quando menos esperamos, bate-nos à porta a necessidade urgente da solidariedade. É bom que tenhamos consciência disso!
1 comentários:
Parabéns e obrigado por tornar pública esta sua preocupação e forma de olhar a realidade que tem à sua volta.Não posso estar mais de acordo com o conteúdo deste post e claro veio tocar-me numa ferida que tenho aberta e confesso que a sangrar......correndo até o risco de gangrenar, sendo a amputação o passo seguinte. É nesta atitude de contribuir para uma sociedade mais justa e mais responsavel que me situo. Sempre tive e tenho o entendimento que é importante e determinante o envolvimento das pessoas, para a resolução dos seus próprios problemas. Sempre tenho defendido que é determinante o papel das autarquias locais na promoção da qualidade de vida dos seus municipes, sejam eles velhos ou de outra qualquer idade, como também é meu entendimento que não pode o Poder Central demitir-se das suas responsabilidades face às diferentes problemáticas e fragilidades como é o caso da população idosa, no que concerne à criação e financiamento de novos equipamentos sociais adequados às verdadeiras necessidades das populações e famílias.Com uma população cada vez mais envelhecida e por consequência com maiores dependências, com um sector da economia social (IPSS)como principal garante de alguma qualidade de vida dos mais frageis e paralelamente promotor de emprego especialmente feminino, com um Poder Central que se escuda em terminologias de rácios e afins para não financiar novos equipamentos nalguns casos onde são necessários, com um Poder Local que tardiamente e de forma muito envergonhada e discutível, entendeu ??? também ser uma responsabilidade sua tornar um pouco melhores os últimos dias de vida da sua população maioritária, digo-lhe que por muito responsavel, determinada, consciente e colaborante que seja,não há sociedade civil que aguente, a tanta irresponsabilidade, cegueira e politiquice de mau gosto, desrespeitando tanto os que trabalham gratuitamente por estas causas, como até e em primeira instância os que tanto deram e pouco ou nada têm recebido em troca.
Maria Lucília da Silva Costa
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