terça-feira, 12 de outubro de 2010

o carrossel


Tenho sempre a sensação que o carrossel está decadente. Sobretudo aquele carrossel que faz umas ondas e quer imitar uma viagem na serra do Algarve. Mas depois, vou à feira, e mal chego a Castro escuto aquele silvo distante, misturado com um cheiro de algazarra. Um moço novo, bem vestido, muito zeloso do seu mérito, não esconde o orgulho nas palavras que incitam para “mais uma corrida, mais uma viagem”. Nunca gostei muito de andar neste carrossel de ondas, com cadeiras bonitas como se fosse um jardim, cavalinhos orgulhosos, bicicletas com pedais desgovernados e aqueles alguidares que giram sem tino. Mas gosto de ouvir o apito distante. O grito do moço bem vestido. Gosto de ver as mulheres que esperam pelos filhos. Os namorados que se sentam nas cadeiras bonitas. E ouvir outra vez o moço com aquela lengalenga de sempre: “Mais uma corrida, mais uma viagem”!

1 comentários:

Vitor Encarnação disse...

António José Brito, as estacas da feira estão espetadas na alma de quem a vive desde criança.

Vítor Encarnação

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