segunda-feira, 11 de outubro de 2010

a saudade


Até aos 9 anos sofri muito com a feira! Durante a semana da véspera, sonhava com aqueles arcos antigos, redondos e rendilhados, cheios de luzes coloridas. Via-me no carrossel, a comprar umas botas, a lamber o açúcar das farturas. Depois… era a desgraça! Assomava-me à porta da rua e via as pessoas passarem. As camionetas da carreira passarem. E eu a sobrar, a ficar para trás, a ver a minha mãe sossegada sem qualquer tenção de ir. Aos 10 anos ganhei asas para a feira de Castro! Pelo menos na segunda-feira, dia de escola, quando ainda havia carrinhos de choque e o dinheiro do almoço era trocado por duas ou três corridas. Não sobrava nada para a fartura. Nem para o almoço. Mas o meu peito ficava cheio de futuro, de paixão, de felicidade. Foi nesse tempo que descobri "a melhor feira do mundo".

3 comentários:

Manuel António Domingos disse...

Três dias pelas bandas da serra mais alta de Portugal, fizeramm com que me distraísse um pouco desta boa novidade.
Sucesso enorme para a cidadania, são os meus sinceros votos para este BLOG.
Que nunca seja vedada a palavra, a quem só afirma aquilo que pode provar!
AJB, Estou a ver que o sono não mora aí por essas bandas.
Continuemos a lutar para que eles parem de nos tirar o sono!

Anónimo disse...

Pois é,só não sofria quem não vivia as coisas com alma.E para se ter "alma" não se precisa ter muita idade. Quem não sonhava com a feira de Castro?Com a forma como gastar as poucas moedas do mealheiro,ali guardadas ao longo do ano?Quem não delirava com o barulho do carroucel?Com os carros de choque?E quem não trocava a senha do almoço na 2ª feira da feira, por umas viagens de qualquer coisa?Quantas vezes as camionetas da carreira íam e vinham apinhadas de gente e eu ali ficava sentada no poial da porta à esquina do Celestino, imaginando-me nos aviões, nos carroceis e com o cheiro do algodão doce a fazer-me salivar.A feira de Castro durante muitos e muitos anos foi o ponto alto das vidas de muitas pessoas, o meu também.
Maria Lucília Costa

Anónimo disse...

Bem-vindo à blogosfera meu amigo. bem que podias ter dito que por aqui andavas. A nossa fêra, a fêra de castro, esse marco nas nossas vidas de que sofri ausência cancerígena até aos 36 anos. Depois, depois nunca mais falhei nenhuma e muitas delas na companhia do meu caro e estimado amigo. Sexta vamos abri-la... Nap

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