segunda-feira, 25 de outubro de 2010

um caminho quase secreto


Gosto muito da escrita de José Luís Peixoto. Podia ser pelo sangue alentejano que lhe corre nas veias e se assume como o timbre definitivo que lhe acaricia a narração. Podia ser pela força criativa das palavras, dos silêncios repetidos, das expressões escancaradas num horizonte sempre largo. Podia ser por muitos segredos que ficam entre nós e cada página dos seus livros, mas é sobretudo por um imaginário quase mágico, que nos consegue meter as histórias dentro do coração e da alma.
Em Livro, seu último romance, José Luís Peixoto convida-nos para a arquitectura de um passado tão próximo e tão intenso. Um lugar que distinguimos e repartimos e tivemos de viver. Um sítio que nos desafia a inscrever para além da memória esses outros retratos, tão semelhantes e tão deliciosos. Tão vizinhos.
Sei bem que nem todas as interpretações seguem este caminho. Que porventura há quem expurgue dali um fila de fantasmas. Mas esse, certamente, também é o segredo de um livro que sabe o caminho para dentro de nós.

1 comentários:

pulanito disse...

Partilho do mesmo pensamento...li-o quase de uma virada, viajando na magia das palavras deste brutal escritor.
Temos de o convidar para uma jantarada alentejana. Vou-lhe cantando ao ouvido essa possibilidade e quem sabe se o condigo amolecer...

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