quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

antónio dos anjos



Esta é a história de um homem que se confunde com a história do seu clube de sempre. António dos Anjos, 71 anos, deu os primeiros passos como dirigente em 1953, ano da fundação do FC Castrense (Castro Verde).
Com apenas 14 anos e “muita falta de jeito para jogar à bola”, decidiu dar o seu contributo de outra forma, apoiando informalmente a secção de ciclismo que, a par do futebol, completava o curto portefólio de modalidades do novel emblema alentejano.
Apaixonado pelo Sporting, António não perdia pitada dos relatos na rádio. Seguia os feitos dos “cinco violinos” e tinha no hóquei em patins outra paixão, cimentada por ídolos como Correia dos Santos, Jesus Correia e Emídio Pinto. “Jogávamos hóquei nas ruas da vila quando não havia movimento. Fazíamos umas balizas e arranjávamos uns sticks com paus de palmeira”, recorda.
O jovem António esperou pacientemente pelos 18 anos e entrou nos corpos sociais do Castrense. Ao mesmo tempo, ajudava José Ricardo, o treinador que também foi um dos fundadores do clube. Numa terra a perder população, empobrecida e muito dependente dos grandes lavradores, o Castrense brilhava como podia. Primeiro em jogos informais e, depois, nos campeonatos organizados pelo INATEL e pela Associação de Futebol de Beja, sempre em escalões secundários.
Só a Revolução de Abril criou outros horizontes ao emblema alentejano. Como sempre, António dos Anjos esteve na primeira linha. Com o início da construção do primeiro rinque de Castro Verde, o então presidente da assembleia-geral imaginou que seria possível criar a sonhada secção de hóquei em patins. A forte influência de alguns colegas de trabalho fez o resto. “Eu tinha vários contactos com colegas que estavam na Associação de Patinagem e no Desportivo de Beja. Eles começaram a insistir comigo e eu achei que era possível”, conta.
O hóquei chegou formalmente a Castro Verde em Fevereiro de 1980. Um subsídio de 150 contos [750 euros] da Câmara Municipal ajudou a adquirir sticks, bolas e equipamentos. Quatro patins foram comprados e outros quatro emprestados pela Associação de Patinagem do Alentejo.
“Foi a partir daí que organizámos melhor as coisas. Angariámos fundos e formámos uma célebre equipa que fez bons campeonatos nos diversos escalões, competindo com Benfica e Sporting em meados dos anos 80. Até tivemos um internacional júnior”, lembra com orgulho.
Actualmente, o hóquei do “verde e negro” disputa o campeonato da 3ª divisão nacional. E tem uma equipa de jovens que parece assegurar a continuidade da secção. Essa é a confiança de António dos Anjos, pilar da modalidade em Castro Verde e dirigente histórico em todo o Alentejo. Um estatuto que já lhe garantiu a condição de sócio honorário da Federação Portuguesa de Patinagem.
Mas este currículo recheado nunca o divorciou do futebol. Aliás, quando recorda a primeira promoção do FC Castrense à 3ª divisão nacional, em 1993, o decano dos dirigentes desportivos do Baixo Alentejo não esconde uma suave emoção para lembrar que “foi um ano histórico para a vida dos castrenses”. “Especialmente para nós, que estávamos integrados nesse grupo, foi a maior alegria que tivemos”, confessa.

 Publicado no "Diário de Notícias (Novembro de 2007)

1 comentários:

Anónimo disse...

estive mais de 40 anos sem ver o Tonico dos Anjos encntrei-me com ele em 2011 na minha linda vila Castro Verde

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